A diabetes mellitus é definida como uma doença crônica que compromete o metabolismo dos carboidratos, proteínas e gorduras, caracterizada pela elevação dos níveis de açúcar no sangue (hiperglicemia) e pela excessiva excreção de açúcar na urina (glicosúria). Uma outra definição para DM, é que seria um distúrbio metabólico dos carboidratos devido à elevação do açúcar no sangue e na urina. Alguns autores reiteram que, a diabetes mellitus é uma síndrome do comprometimento do metabolismo devido à ineficiência do pâncreas em produzir insulina e pela sensibilidade reduzida das células à insulina.
A elevada taxa de glicose, comum na DM, pode levar a desidratação das células teciduais, o que pode resultar em aumento relativo da taxa de leucócitos. Isso ocorre em parte porque a pressão osmótica aumentada nos líquidos intracelulares causa a transferência da água para fora das células. E além do efeito direto da desidratação celular, a perda de glicose na urina causa diurese. O efeito global é a grande perda de líquido na urina. Isso então aumenta relativamente o número das células sangüíneas, o que poderia induzir uma leucocitose fisiológica.
O quadro 1 abaixo apresenta os valores de glicemia que o SUS (Sistema Único de Saúde) considera para o diagnóstico da diabetes mellitus.
A resistência das células à ação da insulina é uma anormalidade primária e precoce no surgimento da doença, sendo esta, caracterizada pela diminuição da habilidade da insulina para a utilização da glicose pelo músculo e tecido adiposo, prejudicando a lipólise induzida por este hormônio. Essa resistência à insulina pode ser resultado de uma condição genética ou adquirida, caso em que ocorre menor utilização da glicose pelos tecidos em resposta ao estímulo, resultando assim numa elevação compensatória de secreção das células pancreáticas, levando a uma produção maior de insulina (hiperinsulinemia). Na maioria dos casos, devido ao acréscimo da produção de insulina pelo pâncreas, essas células beta pancreáticas perdem ou diminuem sua capacidade de produção, levando o indivíduo ao estado hipoinsulínico.
Os distúrbios do metabolismo da glicose podem causar complicações que envolvem doenças cardiovasculares, incluindo hipertensão arterial sistêmica, doença arterial coronariana e insuficiência cardíaca, e 75% dos pacientes diabéticos morrem por algum evento cardiovascular, dentre elas, a miocardiopatia diabética. A miocardiopatia diabética é vista atualmente como resultado de complexas relações entre anormalidades metabólicas que acompanham a diabetes, levando à alteração da estrutura e função miocárdica.
Em ambos os tipos de diabetes, tipo I e tipo II, a principal alteração da função das grandes artérias é o aumento da rigidez, enquanto que a principal alteração estrutural é o maior espessamento da camada íntima-média da artéria carótida. Os mecanismos destas alterações estruturais e funcionais arteriais na diabetes incluem a resistência à insulina, o acúmulo de colágeno devido à glicação enzimática inadequada, disfunção endotelial e do sistema nervoso autônomo. O panorama esquemático abaixo nos mostram as alterações morfológicas que são observadas nos diabetes tipo I e II, e ressaltam que, em indivíduos com um bom controle glicêmico, essas complicações podem ser prevenidas ou retardadas conforme a ilustração da figura 1.
Complicações a longo prazo da diabetes.
Figura 1: Panorama esquemático das alterações morfológicas da DM do tipo I e tipo II
Fonte: Crawford e Cotran (2000)A figura 1 ilustra algumas alterações estruturais da DM em diversos segmentos do corpo quando não controlada, e que contribuem para o surgimento de neuropatias, microangiopatias, aterosclerose, nefropatias, dentre outras.
Os pacientes portadores de diabetes mellitus apresentam alterações estruturais e funcionais de grandes vasos que muito provavelmente têm um papel fundamental no desenvolvimento de aterosclerose e suas respectivas complicações cardiovasculares. Detectar precocemente essas alterações, utilizando métodos não-invasivos, permite identificar os pacientes de maior risco que se beneficiarão de um tratamento mais agressivo. Além disso, abre-se uma perspectiva nova de abordagem terapêutica dos pacientes diabéticos, com a adoção de medidas não-farmacológicas ou farmacológicas que interfiram nessas modificações vasculares e conseqüentemente ajudem a diminuir a mortalidade desses pacientes. Entretanto, é preciso ater para qual tipo de DM o paciente é acometido, para que haja uma melhor forma de tratamento para o controle glicêmico deste indivíduo.
Referências:
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